Após o sucesso inédito de Round 6, o anúncio de uma segunda temporada gerou desconfiança. A razão? A longa tradição de sequências apressadas que acabam decepcionando o público, algo comum na indústria do entretenimento. Acrescente a hesitação inicial do criador Hwang Dong-hyuk, que admitiu só ter aceitado a continuação por razões financeiras, e o cenário parecia destinado ao fracasso. Felizmente, a série surpreende ao expandir sua narrativa com originalidade e relevância.
A nova temporada mantém a essência da primeira, mas explora novos ângulos. A trama principal segue Gi-hun (Lee Jung-jae), agora decidido a desmantelar os jogos ao investigar o Vendedor (Gong Yoo). Paralelamente, Jun-ho (Wi Ha-joon) retorna à ação, incapaz de escapar de seu passado. Esses desdobramentos fluem de forma natural, reforçando que a história ainda tem fôlego.
Hwang Dong-hyuk evita a armadilha de repetir a fórmula inicial, preferindo aprofundar personagens e ampliar o universo narrativo. O Vendedor, por exemplo, ganha camadas inesperadas, com Gong Yoo entregando uma atuação complexa, repleta de tensão e vulnerabilidade. Além disso, a nova temporada apresenta jogos inéditos, que funcionam tanto como espetáculo visual quanto como metáforas sociais.
A estética vibrante, com sua paleta de cores quase lúdica, contrasta com a brutalidade dos eventos, criando uma atmosfera única. A direção de fotografia de Lee Hyeong-deok e a montagem de Nam Na-young capturam a intensidade emocional e física dos jogos, enquanto o roteiro constrói relações humanas que dão peso às decisões dos personagens.
No fim, Round 6 continua sendo mais do que uma série sobre jogos mortais; é uma reflexão sobre a condição humana, marcada por confiança, traição, arrependimento e superação. A segunda temporada prova que algumas histórias merecem ser contadas, desde que feitas com cuidado e propósito. A pergunta que resta: até onde Hwang Dong-hyuk pode levar essa saga?