Nos últimos meses, casos fatais envolvendo a inalação de desodorante em spray por crianças vêm acendendo um alerta entre especialistas em saúde. A prática, incentivada por desafios virais nas redes sociais, já causou ao menos três mortes no Brasil apenas em 2024. A mais recente foi de uma menina de 8 anos que inalou o produto e sofreu uma parada cardíaca.
O que é o “desafio do desodorante”?
O chamado "desafio do desodorante" consiste em inalar o spray do produto e segurá-lo na boca pelo maior tempo possível. A prática, que vem sendo compartilhada em plataformas como TikTok e Instagram, tem se popularizado entre crianças e adolescentes.
Segundo relatos médicos, o desafio pode parecer inofensivo à primeira vista, mas os efeitos no organismo são graves e, muitas vezes, fatais.
Como o desodorante spray afeta o organismo?
De acordo com a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Academia Nacional de Medicina, o spray libera partículas extremamente finas que são facilmente inaladas e chegam diretamente aos alvéolos pulmonares — estruturas responsáveis pela troca de oxigênio e gás carbônico no corpo.
A médica explica os efeitos em sequência:
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Inalação da névoa: As partículas penetram profundamente no pulmão;
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Bloqueio da hematose: A troca gasosa nos alvéolos é interrompida;
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Queda de oxigênio no sangue: O corpo não consegue mais oxigenar-se corretamente;
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Parada cardíaca: A falha respiratória leva ao colapso do sistema cardiovascular.
O problema se agrava em crianças, já que possuem pulmões menores e são mais sensíveis a substâncias tóxicas. A sensação inicial de euforia provocada pela substância também contribui para a disseminação do desafio.
Casos recentes de mortes no Brasil
Entre fevereiro e março de 2024, foram registrados três casos semelhantes:
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Menina de 7 anos no ABC Paulista;
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Brenda Sophia Melo, de 11 anos, em Pernambuco;
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Sarah Raissa Pereira, de 8 anos, no Distrito Federal.
Todas as vítimas teriam inalado o spray após verem vídeos nas redes sociais. Em algumas situações, a ação foi realizada sem o conhecimento de responsáveis ou adultos por perto.
O alerta sobre o uso da internet por crianças
Especialistas reforçam que o acesso precoce e sem supervisão às redes sociais expõe crianças a conteúdos perigosos. O uso de plataformas como TikTok e Instagram é permitido apenas para maiores de 13 anos, mas muitos menores conseguem contornar essa exigência.
A Dra. Dalcolmo destaca a necessidade de vigilância constante:
“Crianças não têm maturidade para entender os riscos. O diálogo, a proibição do acesso precoce às redes e a supervisão dos pais são essenciais para evitar tragédias.”