A família de Vitória Chaves da Silva, jovem de 26 anos que faleceu em fevereiro devido a complicações de uma cardiopatia congênita, denunciou duas alunas de medicina por exporem, de forma desrespeitosa, o histórico clínico da paciente em um vídeo publicado no TikTok. O caso aconteceu após a publicação de um conteúdo onde as estudantes relatam que Vitória passou por três transplantes de coração e um de rim no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo.
No vídeo, as jovens mencionam que um dos transplantes não teria dado certo por "erro da paciente", alegando que ela não tomou os medicamentos corretamente. A família nega a informação e afirma que a rejeição ocorreu por conta da doença do enxerto – uma complicação conhecida em procedimentos desse tipo – e que há registro médico comprovando isso.
As estudantes, que participaram de um curso de extensão de curta duração no Incor, não citaram diretamente o nome de Vitória, mas os detalhes levaram pessoas próximas a reconhecerem a história. Após repercussão, o conteúdo foi apagado, mas a família registrou um boletim de ocorrência e acionou o Ministério Público.
A irmã da paciente, Giovana Chaves, afirma que as estudantes nunca tiveram contato direto com Vitória e que o vídeo disseminou desinformação, gerando críticas injustas à memória da jovem. Segundo ela, “tocaram em uma ferida muito aberta” e a família exige uma retratação pública.
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), responsável pelo Incor, afirmou em nota que as alunas são de outras instituições e que repudia qualquer atitude que desrespeite a ética e a dignidade dos pacientes. A FMUSP também informou que notificou as universidades de origem das estudantes e está reforçando a exigência de condutas éticas entre os participantes de seus cursos.
O Ministério Público confirmou que o caso foi encaminhado ao 4º Promotor de Justiça de Direitos Humanos da capital, que avalia os próximos passos legais.