Apesar de reunir apenas 5,6% da população nacional, a cidade de São Paulo foi responsável por 18,5% de todos os casos de roubo e furto de celulares registrados no Brasil em 2024. Ao todo, 169.556 aparelhos foram levados na capital paulista ao longo do ano, uma média de 19 por hora. As informações estão no 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24).
Com uma taxa de 1.425,4 ocorrências por 100 mil habitantes, São Paulo ocupa o terceiro lugar entre os municípios com maior incidência proporcional desse tipo de crime — atrás apenas de São Luís (1.599,7) e Belém (1.452,2). Em números absolutos, São Luís registrou 17.406 casos e Belém, 20.310.
O estado de São Paulo, por sua vez, concentrou 31,4% dos furtos e roubos de celulares do país em 2024. A Secretaria da Segurança Pública informou, em nota, que houve uma redução de 4% nesse tipo de crime nos primeiros cinco meses de 2025.
Estrutura criminosa organizada
O levantamento revela que o roubo e furto de celulares deixou de ser uma prática isolada para integrar uma cadeia criminosa estruturada, que envolve desde a ação nas ruas até a exportação ilegal dos aparelhos para fora do país.
De acordo com o cientista político Guaracy Mingardi, um dos autores do relatório, os crimes funcionam como uma verdadeira linha de produção. Ele explica que o autor do roubo atua como ponta visível de um sistema mais complexo:
“O criminoso que executa o roubo é apenas o início do processo. Ele entrega o celular para um receptador e segue em busca da próxima vítima.”
Mingardi também aponta que, após a pandemia, os celulares se tornaram centrais na rotina das pessoas, o que aumentou seu valor para o crime organizado. Com isso, o interesse por esses aparelhos cresceu, principalmente nos grandes centros urbanos.
Segundo ele, há dois caminhos mais comuns para os celulares subtraídos: a venda dos dispositivos ou suas partes no mercado interno e a exportação clandestina para o exterior.
Acesso a dados: o alvo imediato
Logo após o roubo, a prioridade dos criminosos é acessar dados sensíveis da vítima, como contas bancárias, senhas e perfis em redes sociais. Se o celular estiver desbloqueado, os ganhos podem ser quase instantâneos. Caso contrário, o aparelho é repassado a técnicos especializados em desbloqueio, frequentemente ligados a facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).