Em meio ao envelhecimento populacional, Itapira, no interior de São Paulo, inova com sistema humanizado de alerta rápido, garantindo socorro em minutos e mais dignidade na terceira idade.
O Brasil envelhece em ritmo acelerado. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, o número de pessoas com 65 anos ou mais no país cresceu 57,4% em apenas 12 anos, fenômeno que impõe desafios urgentes nas áreas de saúde, segurança e assistência social.
Diante dessa realidade e da crescente vulnerabilidade da população idosa, a cidade de Itapira se destaca com uma solução tecnológica de caráter humanizado: o Botão Guardião.
O programa utiliza a mesma tecnologia empregada na proteção de vítimas da Lei Maria da Penha e oferece um plano de socorro imediato para idosos em situação de violência, abandono ou emergência de saúde. Com apenas um toque no celular, agentes treinados são acionados, garantindo resposta rápida.
Tecnologia a serviço da dignidade
O Botão Guardião funciona como um sistema de alerta rápido. Ao ser acionado, o dispositivo envia um sinal diretamente à Guarda Civil Municipal (GCM), que desloca a viatura mais próxima até o local.
A implementação do serviço voltado à terceira idade começou em março de 2023, após reuniões estratégicas com delegados, Ministério Público e o Judiciário. A delegada Gilmara Natália Batista dos Santos, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), é responsável por analisar os casos de violência contra idosos e, quando necessário, solicitar a Medida Protetiva e o acesso ao aplicativo do Botão Guardião.
Atualmente, 21 idosos estão cadastrados no serviço. A maior parte das ocorrências envolve Medidas Protetivas contra filhos, evidenciando a importância do programa no combate à violência intrafamiliar.
Tranquilidade em poucos minutos: a história de Maria
Para Maria Aparecida Jesus da Silva, de 78 anos, o Botão Guardião do Idoso representa tranquilidade. Ela vive com a irmã de 70 anos, que possui deficiência mental, e relata que a preocupação com a segurança era constante.
Em um episódio recente, ao ouvir um barulho estranho no fundo da casa ao retornar da igreja, Maria acionou o dispositivo.
“Fiquei com medo e apertei o botão. Em poucos minutos, a Guarda já estava aqui”, contou.
Apesar de se tratar de um falso alarme — causado por uma cachorrinha que havia se escondido no local —, a resposta rápida da GCM trouxe sensação de segurança. “Hoje eu fico mais tranquila, sabendo que posso pedir ajuda rapidamente”, afirmou.
Preparo e humanização no atendimento
O funcionamento do programa depende diretamente da capacitação dos agentes. Para o atendimento aos idosos, 16 guardas civis municipais femininas foram treinadas para realizar o primeiro acolhimento, explicar o funcionamento do sistema e instalar o aplicativo nos celulares dos assistidos.
Segundo a comandante da Guarda Municipal, Zaccariotto, o Botão Guardião do Idoso vai além da tecnologia. “O dispositivo garante atendimento ágil e mais segurança aos idosos, especialmente em situações de risco ou emergência”, destacou.
Além da proteção, o município investe em ações preventivas e de bem-estar. O espaço Vida Mais oferece atividades como dança, natação, computação e palestras informativas, promovendo autonomia e qualidade de vida.
O envelhecimento e a necessidade de cuidado
A iniciativa de Itapira acompanha uma tendência global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) conduz a Década do Envelhecimento Saudável (2021–2030), que busca melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas, suas famílias e comunidades.
Especialistas apontam que o envelhecimento populacional exige a adaptação dos sistemas de saúde e a adoção de cuidados de longa duração. O programa de Itapira atende a essa demanda ao oferecer resposta rápida, focada na segurança e no cuidado.
O projeto também tem efeito preventivo. Quando uma Medida Protetiva é emitida, o suposto agressor é informado sobre a existência do Botão Guardião, o que contribuiu para a redução de descumprimentos.
Integração com a Muralha Digital Sentry
O Botão Guardião é um módulo da plataforma Muralha Digital Sentry, sistema integrado de segurança utilizado pelo município. A tecnologia permite monitoramento e resposta coordenada em tempo real.
O aplicativo não é exclusivo para idosos ou vítimas da Lei Maria da Penha. Ele também é utilizado em escolas, creches, entidades assistenciais, comércios, sítios e chácaras.
A plataforma integra recursos como reconhecimento facial, leitura de placas, gestão de ocorrências e análise de dados. Presente em mais de 140 cidades brasileiras, o sistema opera milhares de câmeras e auxilia as forças de segurança na tomada de decisões.
