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Azeite pode ficar mais barato com imposto zerado? Especialistas analisam impacto da medida

 

Decisão do governo busca reduzir preços, mas outros fatores influenciam no valor final

Diante da alta nos preços dos alimentos, o governo decidiu zerar a tarifa de importação do azeite de oliva a partir desta sexta-feira (14). Atualmente, 99,9% do azeite consumido no Brasil é importado, e a tarifa cobrada era de 9%.

A expectativa é que a medida possa aliviar o bolso do consumidor, mas especialistas alertam que a redução de preços pode levar até dois meses para ser percebida nos supermercados. Isso ocorre porque os estoques atuais ainda foram adquiridos com a taxa vigente.

Outros fatores pesam no preço do azeite

Embora o fim da tarifa seja um passo positivo, não significa que o desconto será de 9% para o consumidor. O preço do azeite é influenciado por diversos fatores, como:

  • Oferta e demanda: Se a procura continuar alta, importadoras e supermercados podem não repassar totalmente a isenção.
  • Custos logísticos: Frete internacional e variações cambiais podem impactar o valor final.
  • Impostos internos: O azeite ainda está sujeito a PIS, Cofins e ICMS.
  • Produção na Europa: Após quedas em 2022 e 2023 devido ao calor extremo, a safra europeia melhorou e deve atingir 3,3 milhões de toneladas em 2024/25, favorecendo a oferta.


Redução de preços já começou

Segundo dados do Federal Reserve, o preço da tonelada de azeite caiu de US$ 10 mil em fevereiro de 2024 para US$ 5.500 em janeiro de 2025, refletindo uma redução de quase 50% no mercado internacional.

O impacto já pode ser sentido no Brasil: o azeite acumulou alta de 17,24% até janeiro deste ano, mas chegou a encarecer 50,74% no pico de junho de 2024.

Apesar disso, especialistas acreditam que o azeite dificilmente voltará ao preço praticado antes das altas. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, a redução será mais influenciada pelo aumento da produção global do que pela isenção fiscal.

Alternativa para o Brasil

Fernandes defende que o governo invista em incentivos para a produção nacional, pesquisando variedades de azeitonas adaptadas ao clima brasileiro. Atualmente, a produção interna ainda é pequena e incapaz de atender à demanda.

Com a combinação da isenção de impostos e o aumento da oferta global, os consumidores podem esperar por uma redução gradual nos preços, mas ainda sem garantia de voltar aos patamares anteriores.