Pesquisar

Preço do café dispara quase 80% em um ano por causa da seca e da crise internacional

 O café moído ficou 77,78% mais caro nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (11). A alta, registrada até março de 2025, é resultado direto da elevação do preço internacional e da redução da oferta global. Somente em março, o aumento foi de 8%.

De acordo com a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), os preços ainda estavam sendo ajustados no início do ano porque a indústria não havia repassado completamente os custos da compra do grão. Desde fevereiro, já se previa nova escalada de preços nos meses seguintes.

A quebra da safra no Vietnã, um dos maiores produtores mundiais, foi um dos principais fatores para o encarecimento do produto no mercado global. No Brasil, a colheita de 2025 deve ser 5,8% menor que a do ano anterior, com uma queda acentuada na produção de café arábica, estimada em 10,6%, segundo o IBGE.

O fenômeno da bienalidade negativa, quando a planta naturalmente reduz sua produção após um ano de alta produtividade, também contribui para a queda na oferta. Além disso, o calor excessivo e a seca em estados produtores como Minas Gerais e São Paulo afetaram diretamente o desenvolvimento das lavouras.



A escassez de chuvas durante a florada, fase essencial para a formação dos grãos, obrigou as plantas a abortarem frutos para preservar energia. Em muitos casos, os produtores optaram por podas severas, conhecidas como “esqueletamento”, para permitir a recuperação da lavoura e tentar garantir uma boa safra futura.

Além dos fatores climáticos, o custo logístico teve impacto relevante. As tensões no Oriente Médio encareceram o transporte marítimo, especialmente o uso de contêineres, e dificultaram as exportações. Ao mesmo tempo, o aumento da demanda global também pressionou os preços. O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, atrás apenas da água.

Desde 2023, a China passou a ocupar um espaço relevante no mercado consumidor do café brasileiro, subindo da 20ª para a 6ª posição entre os países importadores. Essa mudança no cenário internacional também reduziu a disponibilidade interna do produto.

Segundo especialistas, os danos provocados pela seca são mais duradouros do que os causados por geadas. Com isso, a recuperação da produção nacional pode levar mais tempo, mantendo os preços elevados por mais alguns meses.