A economia brasileira iniciou 2025 com força total, impulsionada principalmente pelo setor agropecuário, que registrou um impressionante crescimento de 12,2% no primeiro trimestre em comparação com os últimos três meses de 2024. O dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que o agronegócio foi o principal motor por trás da alta de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) no período.
Esse avanço não veio por acaso. A safra recorde de soja – estimada em 168 milhões de toneladas – foi a grande responsável por alavancar os números. Até a primeira semana de maio, quase toda a colheita já havia sido finalizada, o que reforça o peso sazonal da cultura no desempenho do primeiro trimestre.
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, cerca de 25% da expansão anual do PIB – que subiu 2,9% em relação ao mesmo período de 2024 – está diretamente ligada à agropecuária. Apesar de o setor representar oficialmente apenas 6,5% do PIB calculado pelo IBGE (que considera apenas as atividades primárias, como cultivo e criação de animais), esse percentual pode saltar para até 23% quando se leva em conta toda a cadeia produtiva, incluindo comércio, serviços, indústrias de insumos, transporte e exportações, conforme cálculos da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).
Além da soja, outras culturas também contribuíram para o bom desempenho do campo, como o milho (+11,8%), o arroz (+12,2%), o fumo (+25,2%) e o algodão. O clima favorável em diversas regiões do país ajudou a garantir altas produtividades, inclusive com recordes históricos em estados como Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Bahia, Rondônia e Tocantins.
Especialistas alertam, no entanto, que esse crescimento pode ser temporário. Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB-FGV, ressalta que a colheita da soja se concentra entre janeiro e maio, o que torna o impacto mais intenso nos primeiros meses do ano, mas menos significativo no restante do período.
Outro destaque é o bom desempenho esperado para o café e o açúcar. Os preços elevados no mercado internacional devem aquecer a economia rural nos próximos meses, com colheitas importantes previstas entre abril e setembro, dependendo da região.
Mesmo após os incêndios de 2024, a produção de açúcar deve ser recorde. E, apesar de uma leve redução na quantidade esperada de café, o valor agregado da safra promete compensar.