Trabalhar para empresas estrangeiras sem deixar o país tem se tornado uma alternativa cada vez mais comum entre brasileiros. Nessa modalidade, os profissionais prestam serviços de forma remota, geralmente como pessoa jurídica (PJ), e recebem seus pagamentos em moedas internacionais, como dólar ou euro.
De acordo com um levantamento da plataforma de câmbio TechFX, os Estados Unidos concentram cerca de 85% das contratações de brasileiros para o trabalho remoto no exterior. Entre os 1.428 desenvolvedores brasileiros entrevistados, 1.220 atuam em empresas americanas, com salário médio anual de US$ 110 mil (aproximadamente R$ 598 mil).
Outros países também aparecem como destino de oportunidades, embora em menor proporção: Canadá e Austrália (1,85% cada), Reino Unido (1,85%), Argentina (1,55%), Portugal (1,16%), México (1%) e Alemanha (0,62%).
Esses profissionais, conhecidos como Global Workers, aproveitam vantagens como melhores remunerações, flexibilidade de horários e liberdade geográfica, sem a necessidade de mudar de país.
Principais requisitos para conseguir uma vaga internacional
1. Perfil profissional mais procurado
A área de tecnologia lidera a lista de contratações. Segundo outro estudo da TechFX com 1.433 profissionais, 87,6% atuam nesse segmento — especialmente em desenvolvimento de software.
Outras áreas com oportunidades, ainda que em menor número, incluem:
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Produto (2,9%)
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Sucesso do Cliente (2,7%)
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Design (2,6%)
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Marketing (1,4%)
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Operações (1%)
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Recursos Humanos (0,9%)
2. Fluência em inglês
A comunicação em inglês é um requisito básico para a maioria das posições. Além da fluência verbal e escrita, é importante compreender a cultura de negócios internacional.
3. Como encontrar vagas
Existem plataformas especializadas em empregos remotos globais, como LinkedIn, Deel, Remote OK, Turing e Wellfound (antiga AngelList). Também é possível acompanhar empresas multinacionais com equipes distribuídas ao redor do mundo.
4. Modalidade de contratação e cuidados legais
A maioria dos profissionais atua como PJ (Pessoa Jurídica), emitindo nota fiscal para empresas estrangeiras. É fundamental contar com orientação contábil e jurídica para garantir o cumprimento das obrigações fiscais e evitar problemas com a Receita Federal.
5. Declaração de Imposto de Renda (IR)
Mesmo recebendo em moeda estrangeira, o profissional precisa declarar os ganhos no Brasil, convertendo os valores em reais de acordo com a cotação oficial do Banco Central.
De acordo com o especialista em carreiras globais Gustavo Sèngès, a tendência é que esse modelo se amplie para diversas áreas e faixas etárias. “Esse é um mercado democrático, que valoriza a entrega e a adaptação ao ambiente remoto. Já acompanhamos contratações de profissionais de diferentes idades em equipes multiculturais com ótimos resultados”, afirma.