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Da bomba ao balcão: Polícia revela rota do metanol que matou seis pessoas em São Paulo

 


A Polícia Civil de São Paulo detalhou, nesta sexta-feira (17), o funcionamento do esquema criminoso que levou metanol — substância altamente tóxica — das bombas de combustível até bebidas alcoólicas vendidas em bares da capital. A fraude já provocou seis mortes e deixou 38 pessoas intoxicadas no estado.

De acordo com as investigações, o metanol saía de dois postos de combustível localizados em Santo André e São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O produto era misturado a etanol e enviado a uma fábrica clandestina, descoberta no último dia 10, também em São Bernardo, onde era usado para falsificar bebidas como vodca e gin.

A polícia aponta Vanessa Maria da Silva como líder do grupo responsável pela adulteração. O esquema envolvia ainda seu ex-marido, o pai e o cunhado, que participavam da produção, do envase e da distribuição das bebidas. Garrafas e rótulos eram fornecidos por um depósito de embalagens situado em frente a um dos postos investigados.

Perícias realizadas em amostras apreendidas indicaram concentração de metanol acima de 40% — nível considerado letal. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a substância é permitida apenas em traços mínimos (até 0,5%) no etanol veicular, sendo proibida para consumo humano.

As bebidas adulteradas foram vendidas em bares da Mooca, na Zona Leste, e na Saúde, na Zona Sul, além de outros pontos da Grande São Paulo. Entre as vítimas estão moradores da capital, de Osasco, São Bernardo do Campo e Jundiaí.

A Operação Alquimia, deflagrada na quinta-feira (16) pela Polícia Federal e pela Receita, apura o desvio de metanol industrial de usinas e terminais marítimos para o mercado ilegal. Segundo o governo estadual, parte do produto foi parar em postos ligados ao mesmo grupo que abastecia a fábrica clandestina.

A tragédia expôs uma rede criminosa que mistura fraudes no setor de combustíveis com a adulteração de bebidas — um esquema que, segundo a Secretaria de Segurança Pública, pode ter conexões indiretas com o crime organizado.