A busca pelo emagrecimento mobiliza milhares de brasileiros e, cada vez mais, envolve métodos que vão de medicamentos injetáveis a cirurgias invasivas. Apesar da promessa de resultados rápidos, esses caminhos exigem cuidado redobrado, acompanhamento médico e atenção aos riscos.
A febre das canetas injetáveis
Medicamentos como semaglutida e tirzepatida se tornaram populares no Brasil desde 2023. Embora tenham sido desenvolvidos para o tratamento de diabetes, passaram a ser utilizados também no combate à obesidade. A semaglutida, por exemplo, movimentou quase R$ 3,5 bilhões no país.
A consultora estética Anna Farfalla começou a usar tirzepatida há seis semanas. Segundo ela, o ganho de peso foi consequência do estresse no trabalho e da mudança na alimentação. Desde o início do tratamento, perdeu 10 quilos. O médico nutrólogo responsável associou o uso do medicamento ao controle da ansiedade.
No entanto, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) alerta: a tirzepatida não possui indicação formal para tratamento de ansiedade. Nesses casos, o ideal é encaminhar o paciente a um psiquiatra. A prescrição com fins estéticos, sem respaldo clínico, pode configurar infração ética.
Cirurgia bariátrica: recurso extremo, cada vez mais comum
Quando tratamentos convencionais falham, a cirurgia bariátrica surge como alternativa. Em 2024, o SUS realizou mais de 2 mil procedimentos no estado de São Paulo, um aumento de 41% em relação ao ano anterior.
A enfermeira Juliana Campos, de 40 anos, enfrentou o efeito sanfona por décadas. Após atingir 108 kg e ser internada três vezes por pressão alta, decidiu fazer a cirurgia. Segundo ela, o procedimento exigiu mudanças profundas na rotina, como a adoção de dieta líquida e o acompanhamento psicológico.
Apesar de ser vista por muitos como um "atalho", a cirurgia envolve riscos sérios. Entre eles, alterações na absorção de nutrientes e maior sensibilidade ao álcool, o que pode aumentar o risco de dependência.
A importância do acompanhamento
Especialistas reforçam que tanto o uso de medicamentos quanto as intervenções cirúrgicas devem ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar. O acompanhamento com médicos, psicólogos e nutricionistas é essencial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.
O Cremesp reforça que a prescrição de medicamentos para fins não indicados pode expor os pacientes a riscos e comprometer a ética profissional.