O trabalho sobre duas rodas virou o sustento de milhões de brasileiros. Atualmente, o país conta com mais de 34 milhões de motocicletas, segundo dados da FGV Transportes — e mais da metade dessa frota é utilizada como instrumento de trabalho.
Entregadores, mototaxistas e motoboys enfrentam longas jornadas, baixos lucros e riscos constantes nas ruas das cidades. Para muitos, a rotina é de sobrevivência.
“Para ganhar R$ 100, rodo 10 horas por dia”
Ricardo Pereira é um dos milhares de profissionais que relatam a dura realidade da profissão. Segundo ele, é preciso rodar por volta de 10 horas para faturar R$ 100 brutos. Depois dos descontos com combustível, alimentação e manutenção da moto, o valor líquido é ainda menor.
“Se a gente se acidenta, acabou. Fica sem renda. É tudo na moto”, resume outro trabalhador do setor.
Lucro baixo e risco alto
Alexander Gutierrez, motoboy experiente, percorre cerca de 150 km por dia. Ele trabalha em média 12 horas diárias. “Ganho, no máximo, R$ 1 por quilômetro rodado. No fim, descontando todos os custos, sobra R$ 80 no dia”, relata.
A insegurança é um fator constante. Seu irmão, também motoboy, sofreu um acidente grave. “Depois disso, fiquei mais apreensivo. Além da minha vida, estou com a responsabilidade do que carrego”, desabafa.
O peso econômico das motos no Brasil
De acordo com Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, a motocicleta se tornou um dos principais motores da economia. “Existe uma cadeia produtiva enorme em torno das motos, com impacto direto no PIB brasileiro.”
Apesar dos riscos e da rentabilidade limitada, muitos trabalhadores seguem firmes, impulsionados pela necessidade. Como resume Alexander:
“A vida é assim, cheia de altos e baixos. Mas a gente segue.”