Brasília – A Polícia Federal (PF) preparou uma cela temporária para o caso de prisão em regime fechado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre recolhimento domiciliar. A sala, localizada no térreo da Superintendência da PF no Distrito Federal, no Setor Policial de Brasília, conta com banheiro, cama, mesa de trabalho, cadeira e televisão.
Internamente chamada de “cela de Bolsonaro”, o espaço foi estruturado nos moldes usados por outros ex-presidentes, como Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, e Fernando Collor de Mello, em Maceió. Juristas afirmam que ex-presidentes têm prerrogativa de custódia diferenciada. A sala pode ser usada também por outras autoridades, e a decisão de ocupação dependeria de eventual ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
A cela foi montada há mais de três meses, após consultas da cúpula da PF e da Vara de Execuções Penais do DF, e não tinha foco exclusivo em Bolsonaro. Alternativas consideradas incluiriam prisão militar ou em batalhão da Polícia Militar do DF, caso a medida fosse determinada.
Separadamente, a PF indiciou Bolsonaro e seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso de processo e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. A investigação detalha mensagens trocadas entre 13 de junho e 17 de julho de 2025, envolvendo também o pastor Silas Malafaia.
Nos diálogos, segundo a PF, pai e filho articulavam pressão ao STF, estratégias para influenciar decisões nos Estados Unidos, controle da narrativa sobre tarifas e anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, além de orientação de discursos públicos. Malafaia atuava como conselheiro sobre posicionamento estratégico, inclusive sobre ministros do STF e líderes do Congresso.
A investigação sugere que as mensagens mostram coordenação entre Bolsonaro, Eduardo e aliados para tentar impedir condenação e interferir nos processos judiciais, enquanto a cela preparada reforça a estrutura da PF para eventual custódia do ex-presidente.