Planos de saúde passam a atender pacientes do SUS em troca de dívidas

 Começou nesta semana, em Recife, o programa “Agora Tem Especialistas”, iniciativa do Ministério da Saúde que permite que operadoras privadas recebam pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) para consultas, exames e cirurgias. O objetivo é reduzir filas e ampliar o acesso a serviços especializados.

O modelo funciona com a conversão de dívidas que as empresas têm com o SUS — valores que surgem quando beneficiários de planos são atendidos na rede pública e que, por lei, devem ser ressarcidos. Em vez de pagar em dinheiro, as operadoras podem quitar parte desse débito oferecendo procedimentos para pacientes indicados pela regulação estadual ou municipal.

A expectativa do governo é movimentar até R$ 1,3 bilhão por ano em novos atendimentos, sem custo adicional para o sistema público.

Primeiros atendimentos
A Hapvida foi a primeira rede a aderir. No Hospital Ariano Suassuna, em Recife, oito pacientes que aguardavam na fila do SUS passaram por procedimentos: duas cirurgias de prótese de quadril, duas de vesícula, além de duas tomografias e duas ressonâncias. Entre eles, havia uma criança de 8 anos e adultos de 23 a 67 anos.



Segundo o Ministério da Saúde, a prioridade é atender áreas com grande demanda, como ortopedia, cardiologia, oncologia, ginecologia, otorrinolaringologia e oftalmologia.

Como funciona para o paciente
O acesso seguirá o fluxo habitual: o paciente procura uma Unidade Básica de Saúde (UBS), é avaliado por um médico e, caso haja necessidade, o pedido é encaminhado à central de regulação. Essa central define o local do atendimento — que pode ser uma unidade privada participante do programa.

O diretor da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, Rodrigo Oliveira, afirma que o paciente não precisará tomar nenhuma iniciativa extra: “Ele será agendado e informado, inclusive por WhatsApp”.

Fiscalização e garantias
A diretora-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Carla Soares, ressalta que as operadoras continuarão sendo fiscalizadas e não poderão prejudicar seus clientes para atender demandas do SUS. O pagamento só será feito após a conclusão do pacote completo de atendimento, incluindo consultas, exames e eventuais cirurgias.