Estudo na Serra do Japi registra mais de 20 mil borboletas e reforça importância da conservação

 

Pesquisa da Unicamp, em andamento há 14 anos, revela riqueza da biodiversidade e ajuda a compreender efeitos das mudanças climáticas

A Base Ecológica da Serra do Japi, em Jundiaí, recebeu nesta semana pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma estudante do Panamá para mais uma etapa de um dos mais longos estudos sobre borboletas frugívoras em andamento na América Latina.

Coordenado pelo professor André Victor Lucci Freitas, o grupo mantém há 14 anos um monitoramento contínuo na floresta jundiaiense, considerado de relevância internacional para entender as relações entre biodiversidade e mudanças climáticas.

Segundo o biólogo André Tacioli, técnico de laboratório da Unicamp, os primeiros registros de borboletas na Serra datam da década de 1990.

“No livro de 1992, o professor Brown já havia registrado cerca de 600 espécies e estimava entre 700 e 800 na região. Nosso grupo trabalha com as borboletas frugívoras e já registramos mais de 100 espécies apenas neste monitoramento”, explicou.

Com 50 armadilhas instaladas em cinco trilhas, metade no sub-bosque e metade no dossel, o estudo já contabilizou mais de 20 mil indivíduos, revelando padrões de comportamento e diversidade que reforçam a importância da conservação da Serra.

A doutoranda Letícia Carlesso de Paula Sena destaca que a pesquisa oferece dados essenciais sobre os efeitos ambientais.

“Temos uma série temporal de 15 anos com coletas mensais, o que nos permite observar variações na abundância e na época de voo das borboletas diante das mudanças climáticas”, afirma.

Nesta fase, o grupo conta com a participação da panamenha Ana Cecilia Padilla Zamora, que realiza intercâmbio na Unicamp.

“A diversidade que encontrei na Serra do Japi é incrível. Estou aprendendo muito e me preparando para o mestrado”, disse.

O superintendente da Fundação Serra do Japi, Flávio Gramolelli Jr., reforça a relevância do estudo:

“A Serra é um verdadeiro laboratório a céu aberto. Pesquisas como essa consolidam Jundiaí como referência em ciência e preservação ambiental”, destacou.