A Polícia Federal prendeu em Maceió (AL) o ex-policial militar Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti, durante a Operação Trapaça, que investiga um esquema milionário de rifas e apostas ilegais. Apresentado nas redes sociais como um “guru digital”, Kel ostentava uma vida de luxo, com carros esportivos, viagens internacionais e até uma Ferrari, afirmando que sua fortuna vinha do empreendedorismo e da “educação financeira digital”.
As investigações, porém, revelam um cenário bem diferente. De acordo com o Ministério Público, o ex-PM comandava uma rede de sorteios fraudulentos que enganava apostadores e movimentava milhões de reais. Em mensagens de áudio obtidas pelo Fantástico, Kel admitia saber da ilegalidade:
“Rifa é ilegal mesmo, por isso falo ação”, dizia em tom de deboche.
Expulso da Polícia Militar em 2023, Ferreti já havia sido condenado a oito anos de prisão por estupro e cumpre pena em regime domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Durante a operação, foram apreendidos joias, dinheiro em espécie e celulares utilizados nas transações.
Segundo as investigações, o golpe envolvia rifas com números “premiados” previamente reservados, enquanto milhares de pessoas perdiam economias inteiras acreditando concorrer de forma justa. Em apenas um mês, o ex-PM teria faturado R$ 400 mil com “cursos” e “ações promocionais”, que na prática escondiam sorteios manipulados.
Para ampliar o alcance das fraudes, Kel contava com influenciadores digitais — entre eles, Laís Oliveira, criadora de conteúdo com mais de 5 milhões de seguidores, apontada como peça-chave no esquema. Segundo o MP, ela chegou a receber até 70% dos lucros e quase R$ 1 milhão de uma das empresas ligadas ao ex-PM entre janeiro e abril de 2024.
Apesar da ficha criminal e das acusações, Kel continua ativo nas redes sociais, com autorização judicial para circular em bares e praias de Maceió.
Sua defesa nega qualquer envolvimento com plataformas de apostas e afirma que ele apenas “atua em publicidade”.

