Os militares de Madagascar anunciaram nesta terça-feira (14) a tomada do poder, após o Parlamento ignorar um decreto presidencial que dissolvia a Casa e aprovar o impeachment do presidente Andry Rajoelina, que fugiu do país diante da crise política e dos protestos liderados pela Geração Z.
A movimentação militar foi comunicada pela rádio nacional, quando o coronel Michael Randrianirina declarou que os militares haviam assumido o controle do governo e dissolvido todas as instituições, exceto o Parlamento.
Rajoelina deixou Madagascar na segunda-feira (13), depois que unidades do Exército desertaram e se uniram aos manifestantes, que desde 25 de setembro tomam as ruas pedindo sua renúncia. Fontes locais afirmam que o presidente embarcou em um avião militar francês com destino desconhecido.
Os protestos começaram por cortes de água e energia, mas evoluíram para denúncias de corrupção e falta de oportunidades. O movimento foi apelidado de “Primavera dos Novinhos”, em referência à forte presença da Geração Z — jovens nascidos entre 1995 e 2009, conhecidos pelo engajamento político e mobilização digital.
Segundo a ONU, pelo menos 22 pessoas morreram nos confrontos desde o início dos protestos.
O Parlamento, desafiando o decreto presidencial, votou e aprovou o impeachment de Rajoelina, que em discurso fora do país disse não reconhecer a decisão e prometeu novas eleições em dezembro.
Com a fuga do presidente, o Senado nomeou Jean André Ndremanjary como líder interino até que um novo pleito seja realizado.
Madagascar, um dos países mais pobres do mundo, tem histórico de golpes e levantes populares desde sua independência da França, em 1960. O próprio Rajoelina chegou ao poder pela primeira vez após um golpe, em 2009.
