Por Renan de Almeida Campos
A criatividade costuma ser mitificada pela sociedade como uma característica restrita a um seleto grupo de gênios, o que faz com que muitas pessoas a enxerguem como algo inalcançável. O que poucos percebem é que a criatividade é um dom inato de todo ser vivo — sim, de todo ser vivo. Toda forma de vida enfrenta desafios e dificuldades que exigem soluções criativas. Afinal, se chegamos a determinado ponto, é porque as soluções existentes já não são suficientes.
O que nos diferencia dos outros seres vivos é a capacidade de comunicação, especialmente no sentido de transmitir informações de forma perene. Mas esse é um assunto para outro momento. O ponto central é que a criatividade nos permite imaginar um mundo que ainda não existe. A partir dessa imaginação, os mais corajosos se arriscam a transformar ideias em produtos, processos ou soluções concretas. É nesse momento que surge a inovação.
Arrisco dizer que a criatividade está mais ligada a um sentimento do que a uma característica puramente intelectual. Nascemos criativos, mas, ao longo da vida, vamos nos conformando ao modus operandi das coisas. Deixamos de questionar e passamos apenas a executar, sem a preocupação de imaginar novas formas de fazer algo diferente — e, consequentemente, melhor. Quando isso acontece, a inovação morre antes mesmo de germinar.
Um dos maiores estudiosos do tema inovação, Clayton Christensen, analisou os hábitos de pessoas altamente inovadoras e identificou cinco características presentes em todas elas. A primeira é o pensamento associativo, a capacidade de conectar ideias distintas e imaginar novas combinações. A segunda é a habilidade para o trabalho colaborativo, já que interagir com pessoas diferentes amplia os pontos de vista. A terceira é o hábito de questionar, desafiando o uso tradicional das coisas e buscando alternativas. A quarta é a disposição para experimentar, testando algo novo, mesmo em pequenas escolhas do dia a dia. Por fim, a quinta característica é a observação atenta, percebendo detalhes que normalmente passam despercebidos.
Dessa forma, por meio de pequenos hábitos, é possível estimular a criatividade continuamente. E, com uma dose de coragem, essa capacidade pode ser transformada em inovação.
Sobre o autor
Renan de Almeida Campos é engenheiro de Produção e cientista da Criatividade. Possui especialização em Neurociência do Desenvolvimento, Gestão da Mudança e Design Centrado no Usuário. Atua com consultorias especializadas e palestras com foco em inovação para resultados, estímulo à inovação e à criatividade. Com mais de 18 anos de experiência no mundo corporativo, tem trajetória voltada às áreas de Marketing, Desenvolvimento de Produtos, Treinamento e Desenvolvimento, Customer Experience e Customer Service. Também atua como parceiro da Educare Inovação Pedagógica, iniciativa dedicada ao desenvolvimento de educadores e escolas para públicos de todas as idades.


