Casos recentes de extrema violência reacenderam o debate sobre o motivo de tantos homens matarem e ferirem mulheres no Brasil. Histórias como a de Tainara Souza Santos, de 31 anos, atropelada e arrastada pelo ex-namorado em São Paulo, e de tantas outras vítimas revelam um padrão que se repete em todo o país: a violência praticada, em grande parte, por companheiros ou ex-companheiros.
Em 2024, o feminicídio atingiu o maior número já registrado no Brasil. Foram 1.492 mulheres assassinadas, uma média de quatro mortes por dia. Especialistas apontam que o aumento dos casos vem acompanhado de uma escalada de brutalidade, marcada por atos que vão além da agressão física e têm como objetivo humilhar, controlar e subjugar as vítimas.
Pesquisadoras do Fórum Brasileiro de Segurança Pública explicam que muitos desses crimes são cometidos com requintes de crueldade, sinalizando a ausência de limites para a violência. Segundo elas, não se trata apenas de tirar a vida de uma mulher, mas de violar completamente seus direitos e sua dignidade.
Apesar dos avanços legais, como a Lei Maria da Penha, em vigor há quase duas décadas, e leis posteriores que tipificaram o feminicídio, a importunação sexual e a violência psicológica, a proteção ainda é considerada insuficiente. Para especialistas, o país segue apostando majoritariamente na punição, sem agir de forma eficaz na prevenção e na raiz do problema.
Outro obstáculo frequente é a dificuldade enfrentada pelas mulheres para reconhecer a situação de violência, acessar redes de apoio e obter respostas efetivas do sistema de Justiça. Muitas chegam a denunciar, mas não encontram acolhimento ou proteção adequada.
Autoridades também têm reforçado que o enfrentamento da violência contra a mulher não pode ser visto apenas como um problema feminino. A discussão envolve mudanças culturais, educação e responsabilidade coletiva, especialmente dos homens, para romper ciclos históricos de violência que continuam colocando a vida de milhares de mulheres em risco no Brasil.

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