Uma investigação da Receita Federal e do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) revelou, nesta quinta-feira (25), que o Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizava uma rede de cerca de 60 motéis e empresas hoteleiras, registrados em nome de laranjas, para lavagem de dinheiro.
Entre 2020 e 2024, os estabelecimentos movimentaram mais de R$ 450 milhões, principalmente em cidades da Grande São Paulo, como Ribeirão Pires, Itaquaquecetuba, Santo André, São Bernardo do Campo e bairros da Zona Leste da capital.
🔎 Motéis já identificados:
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Maramores Empreendimentos Hoteleiros
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Motel Uma Noite em Paris
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Motel Chamour
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Motel Casual
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Sunny Empreendimentos Hoteleiros
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Mille Motel
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Marine Empreendimentos Hoteleiros
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Ceesar Park Empreendimentos Hoteleiros
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Motel Vison
De acordo com a Receita, restaurantes que funcionavam dentro desses motéis, com CNPJs próprios, também faziam parte do esquema. Em um dos casos, um restaurante distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros, com faturamento de R$ 6,8 milhões em apenas dois anos.
As investigações começaram após a análise de comprovantes digitais encontrados na conta do iCloud de um operador da facção, que mostravam transferências financeiras ligadas a uma fintech usada como central de pagamentos.
Além de lavar dinheiro por meio dos motéis, a facção também investia em postos de combustíveis, franquias e construção civil, totalizando uma movimentação financeira de R$ 1 bilhão no período investigado.
Bens de luxo e patrimônio oculto
Os lucros eram usados na compra de bens de alto valor, incluindo:
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Iate de 23 metros e helicóptero modelo Augusta A109E
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Lamborghini Urus
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Terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões
Segundo a Receita, os bens apreendidos representam apenas 10% do patrimônio real dos investigados.
Operação em andamento
A Operação Spare cumpre 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. Mais de 190 agentes, incluindo policiais militares, participam da ação.
A investigação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que revelou esquemas do PCC em fintechs na Faria Lima.
Segundo a Receita, a facção usava empresas formalmente ativas, mas com movimentações financeiras incompatíveis com as receitas declaradas, para disfarçar o dinheiro vindo do crime organizado.